Meu pai sempre foi um apaixonado por futebol. Minha coordenação motora, porém, desde cedo me classificava como um bom perna de pau – o que sinceramente nunca me afetou, afinal sempre gostei de esportes radicais. Desde pequeno, fui incentivado a gostar de futebol, assistir jogos, reprises, programas esportivos, torcer para o Corinthians e para Seleção Brasileira. Escrevendo agora, recordo das “brigas” que meu pai tinha com os técnicos durante os jogos… A escalação não estava correta, a troca de jogadores não foi adequada, e principalmente os termos inadequados destinados às mães dos juízes e do grupo de arbitragem. A paixão de meu pai por futebol era um fator importante em nossa família. A única foto dele presente no quarto de minha mãe é justamente uma em que ele está num campo de futebol, se preparando para o jogo. ” Sempre gostei das coxas de seu pai”. Diz minha mãe toda vez que olha para a foto. Diz a lenda, que no dia de seu casamento, poucas horas antes ele estava jogando futebol, depois foi para o bilhar, e finalmente se casar. Enfim, meu pai amava futebol. Porém, algo se quebrou durante a Copa de 1998. Ficou estranho, perdeu-se o romantismo, a magia, o encanto, e sem encanto a paixão se desfaz. Interessante observar que sua paixão reacendia ao recordar fatos históricos, e assim, com o tempo ele voltava a “discutir” com os técnicos sobre as escalações. Embora eu tenha nascido no “país do futebol”, e tenha um histórico familiar repleto de boas recordações, confesso que não consegui resgatar a “paixão” depois de 1998. Não sou especialista no assunto, e não estou aqui para julgar a realização da copa em nosso país. O fato é: Hoje, a vitrine Brasil está exposta ao mundo, com seus encantos, suas fraquezas, suas convicções religiosas e partidárias, apresentando uma população formada por fiéis, utópicos, realistas, sonhadores, crentes e descrentes. Um povo que é feliz, apesar do sofrimento provocado por atos desastrosos de gestores públicos. Um povo exposto com o descaso público nas escolas e nos hospitais, apesar da carga tributária a que é submetido. Um povo que não vive somente do futebol, mas honra sua bandeira, e por isso merece um pouco mais de respeito. Se você chegou até aqui, ótimo! Lembre-se, a Copa do Mundo tem data para começar e terminar, dura pouco tempo, mas em seguida teremos novas eleições. Os mandatos duram 4 anos, portanto pense bem antes de votar. Participe da vida política de seu país. Nós temos o poder de mudar os itens expostos na vitrine Brasil.
TYTO NEVES
Foto: Alexandre Urch