Seu nome, sua marca.
O mercado fotográfico realmente é um seguimento atraente e pode ser bem lucrativo se você souber aproveitar as oportunidades. Claro, isso se você trabalhar de maneira correta, tiver visão comercial/empresarial, buscar capacitação adequada e a medida do possível procurar investir em equipamentos. Porém, um dos melhores investimentos que você deve fazer ao longo de sua carreira – e por que não dizer, ao longo de sua vida – pode ser resumido numa simples palavra. Relacionamento. A arte de se relacionar com as pessoas é um fator decisivo em qualquer modelo de negócio bem sucedido. Mas a grande “magia” desse mercado, em minha opinião, é a falta de uma legislação adequada, que poderia de certa forma criar uma consciência fotográfica moldada à grande massa de profissionais que surgem gradativamente em busca de uma profissão repleta de mistérios e glamour. A facilidade na aquisição de equipamentos e a disponibilidade de acesso a informações, o crescimento constante de empresas e profissionais voltados à arte de ensinar, impulsiona – às vezes de maneira equivocada – um grande número de pessoas a optarem pela fotografia como profissão. Esse número crescente de novos profissionais, por vezes vindos de outras profissões, – como no meu caso, por exemplo – acabam sendo filtrados pelo próprio mercado. A fotografia permite que qualquer um seja fotógrafo, mas poucos conseguem se estabelecer como profissionais. Entendam profissionais, aqueles que sobrevivem exclusivamente da fotografia. Alguns fatores determinam essa curta permanência dos novos fotógrafos no mercado. Um dos principais fatores se deve justamente por falta de uma entidade de apoio, que seja responsável por criar honorários mínimos para cada trabalho. Aqui no Brasil, temos associações como a ARFOC, ABRAFOTO, que cumprem seu papel, com tabelas, normas de condutas, leis, mas são entidades destinadas aos profissionais, e não para os aspirantes a profissionais. Temos outros tipos de associações e até mesmo alguns sindicatos, mas como disse, a grande maioria voltada aos profissionais do mercado. Alguns cursos técnicos, nos trazem uma visão acadêmica, e porque não dizer um pouco poética sobre o mercado fotográfico. Portanto nem sempre adequada a realidade diária do mercado. Viver de fotografia é uma tarefa árdua, e assim como qualquer outra profissão requer investimento e planejamento constante. Poucos fotógrafos conseguiram se estabelecer apenas com o conhecimento acadêmico, que nos ensina como a fotografia deveria realmente ser, contemplando estúdios e equipamento de ultima geração, mas de difícil acesso a grande maioria dos candidatos a profissão do fotografo. Outro fator, que acredito ser de grande influência para o filtro, é a falta de união de classe, que gera um grande tabu:
Preço:
“Afinal quanto cobrar determinado trabalho? “ Poucos, e porque não dizer raros fotógrafos profissionais estabelecidos abrem seus preços, pois afinal estão defendendo seu território. Mas enquanto isso acontece, os aspirantes sem saber quais os valores corretos devem praticar, por vezes acabam cobrando muito pouco por determinado trabalho. Nesse momento passam a ser alvo de criticas dos profissionais estabelecidos, por estarem “sacrificando” o mercado. Mas como diria o PC, “ Mas pôxa vida” – então vamos ensinar o pessoal a cobrar direito! Ao passo que, os profissionais iniciantes souberem quanto e como cobrar, teremos a livre concorrência. Certa vez, ouvi de Jorge Príncipe a seguinte frase: “Não me importo em falar de preços, pois quando você tiver dez anos de fotografia, eu terei dez anos a sua frente, o que é natural, e, portanto nossos clientes não serão os mesmos” Aprendi muito com essa frase, pois é a mais absoluta verdade. Um fotógrafo com dez anos a mais de experiência não irá atender o mesmo cliente que um aspirante no inicio de carreira atenderá, não é mesmo? Agora se o cliente – o que é muito comum – vir com aquela conversa de sempre, falando que não tem orçamento, a verba é curta, nem perca seu tempo. Se não existe verba suficiente, não existe trabalho satisfatório. Mas lembre-se, tenha sempre bom senso. E por falar em bom senso, porque nós, fotógrafos estabelecidos não falamos abertamente sobre preços? Eu falo. Em minhas aulas, palestras, falo abertamente quanto e como cobro. Certa vez, durante um workshop no IIF, ao mostrar para os alunos minha forma de cobrar, fiquei muito feliz, pois um participantes havia feito um curso fora do Brasil, e nos contou que essa era a mesma que ele aprendera com o “gringo”, e que sua vida havia mudado depois que passou a cobrar assim. Acredito que isso se deva ao tal “consciente coletivo”, talvez. Mas afinal, como eu elaboro minhas propostas? Simples, separando serviços de produtos .
Serviços:
Fotografar, editar, gravar em DVD.
Produtos:
Todos os itens restantes, como livro, clipe, álbum, fotos impressas, ensaios externos, retrospectivas, hotsite, livro de assinaturas, e serviços de terceiros, como produtores e maquiadores. Trabalhando dessa forma, você tem controle real sobre seus ganhos e gastos, e saberá qual margem de negociação poderá aplicar a cada produto ou serviço oferecido. Mas cuidado! Nesse mercado nem sempre é fácil identificar pessoas que buscam aproveitar a situação dos iniciantes, prometendo muitas indicações de clientes e trabalhos. Fique atento! Amor de verão passa rápido, assim como relacionamentos criados por meios de barganhas. Clientes de promoção só aparecem na época das promoções e não valorizam seu trabalho. Seu trabalho é bom, adequado, preço justo, isso gera custos, concorda? Você acha justo trabalhar sem cobrar, por acreditar que virão indicações? Eu não acho. Obviamente, existem casos onde uma boa parceria pode gerar novos trabalhos, mas nem sempre isso acontece. Conheço inúmeros profissionais de foto e vídeo, com anos de mercado que por vezes caem nessa conversa. Alguma vez, você conseguiu comprar um carro, por um preço menor alegando que seu irmão no próximo ano também irá comprar um carro? Certamente não. Se assim fosse, deveríamos trabalhar no mercado de leilões, e não no mercado fotográfico.
Não faça leilão de seu trabalho.
Ao ser questionado sobre valores, diga: Meu preço não é caro, meu preço é justo. Acredite às vezes perder um trabalho é ganhar mais. Valorize seu nome, valorize sua marca. Ninguém ira contratar seu trabalho se você não for o primeiro a a se valorizar. Ao valorizar seu nome, estar em evidência é apenas uma questão de estratégia e de tempo. Pense nisso! Sucesso para todos nós, sempre! @tytoneves